Flávia
Tressino
25 anos, ex-aluna do Curso de Redação
Jornalística -Senac, formada em Jornalismo-
IMES
São Caetano do Sul - São Paulo
Apesar do Brasil ser um país democrático,
o voto ainda é obrigatório
Ditadura ninguém
quer, porém há certas exigências em
nossa democracia que muito se parecem imposições
ditatoriais. Como a obrigatoriedade de votar, em que o eleitor
na falta desse dever é privado de alguns direitos.
No Brasil, a escolha de um candidato para algum poder político
é obrigatória, o cidadão deve ir às
urnas fazer sua escolha, mesmo que seja para anular seu
voto. Caso o cidadão não compareça
ao colégio eleitoral, ele é punido, perdendo
o direito de se aposentar, tirar o passaporte, contrair
empréstimos em bancos oficiais, fazer concursos públicos,
além de pagar uma multa para a Justiça Eleitoral.
O que deveria ser uma conquista adquirida acaba sendo uma
imposição de direitos e deveres, infelizmente
desiguais.
A eleição pode ser definida como a forma pela
qual os cidadãos de uma sociedade escolhem livremente
seus candidatos ou partidos políticos por meio do
voto. Algumas pessoas são contra a obrigatoriedade,
outras não.
Opiniões
O sociólogo
Geraldo Timóteo, professor de Sociologia, Humanidades
e Metodologia na Faculdade Pitágoras, em Minas Gerais,
diz que o voto deveria ser visto como uma conquista da participação
das pessoas no sistema de decisões da vida pública.
Segundo ele “a não obrigatoriedade levaria
às urnas pessoas mais dispostas e conhecedoras do
processo e da necessidade de que este direito fosse exercido
com consciência”. Mas completa “por outro
lado, se as pessoas não fossem obrigadas a votar,
achariam que este ato não tem tanta importância,
então ela pode pensar que é somente menos
um voto que não vai ser depositado nas urnas”,
conclui.
Para a estudante Bruna dos Santos, 16, que já possui
título de eleitor “a obrigatoriedade é
correta porque o povo brasileiro, de um modo geral, não
se interessa por política e se não tem a obrigação
não tem porque fazer”.
Já para a estudante e professora de dança,
Natália Ferreira Moreira, 20, que é eleitora
desde os 18, o voto não deveria ser obrigatório.
“Acredito que deveriam votar apenas as pessoas que
tivessem interesse com a política”, afirma.
“Com a obrigatoriedade dos votos, muitos votam apenas
por serem obrigados, não procuram nem se quer conhecer
melhor os candidatos, as propostas, etc”, completa.
De acordo com o sociólogo e professor Geraldo a permanência
da obrigatoriedade vem no sentido de criar a imagem de legitimidade
do sistema, ou seja, se apenas uma pequena parcela da população
participasse da eleição, o candidato escolhido
não teria legitimidade para governar ou legislar.
Para ele, a não obrigatoriedade pode levar mais indivíduos
a se assumirem como cidadãos de direitos e deveres.
Jovens eleitores
Segundo Geraldo,
os números mostram cada vez mais que os jovens que
não são obrigados a votarem, 16 e 17 anos,
estão votando. Assim fica claro que se o voto não
fosse obrigatório o processo seria mais legítimo
e a participação não seria pequena.
“Acho que há uma juventude que quer ter orgulho
do país em que vive e vê no processo eleitoral
uma forma de influir no rumo que vai sendo assumido”,
declara.
Para Natália o futuro do País está
nas mãos dos jovens. “Hoje somos jovens, mas
amanha seremos adultos”. Bruna afirma que “os
jovens deveriam usar seu voto contra a corrupção
e se interessar mais pelo seu país”. Para ela,
a juventude é muito dividida: “alguns ficam
vendo tudo acontecer, de longe, sem se envolver.
Outros se preocupam, discutem, e logo que a lei permite
‘dão a cara a tapa’ e escolhem um candidato
que talvez não roube nosso dinheiro”.
O início
das eleições no Brasil
O surgimento das
eleições tem origem na Europa no século
XVII. As primeiras eleições gerais no Brasil
aconteceram em 1821, para a escolha dos 72 representantes
brasileiros junto à corte portuguesa. Na ocasião,
foi utilizada a Lei Eleitoral estabelecida pela Constituição
Espanhola de 1812. Não existiam partidos políticos
e os eleitores eram apenas os homens livres, analfabetos
ou não. O voto não era secreto. No ano seguinte,
com a independência do país de Portugal, foi
elaborada, por ordem de D. Pedro I, a primeira legislação
eleitoral brasileira. Ela seria usada para a eleição
da Assembléia Geral Constituinte de 1824. Naquele
pleito, só votaram pessoas com alta renda ou proprietários
de terra. O primeiro Presidente da República eleito
pelo povo no Brasil foi Prudente de Morais para o período
de 1894-1898. Sua vitória contra seu oponente Afonso
Pena foi larguíssima 290.883 votos contra 38.291.
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